quarta-feira, 25 de março de 2020

Crack (da Bolsa) - Conceito




Crack (da Bolsa de Valores de NY) - 1929




Termo empregado nas operações financeiras das Bolsas de ações para caracterizar, como o nome indica a quebra dos valores dos papeis e títulos postos à venda. O maior crcak conhecido, de grande repercussão mundial, foi o ocorrido em outubro de 1929 nos Estados Unidos. Um ano antes, as ações das grandes companhias americanas subiram rapidamente de valor. Em 20 meses, as cotações dobraram ao mesmo tempo em que eram lançadas no mercado novas ações, muitas das quais desconhecidas. 

O grande montante de dinheiro ganho fazia de cada investidor um especulador, em detrimento de fundos de renda fixa – tradicional maio de ganho -, muitos dos quais foram liquidados em troca de ações. Aos que aplicaram seus recursos na Bolsa parecia impossível perder dinheiro. No entanto, apesar do número de investidores continuar sendo pequeno, as conversas em torno das operações da Bolsa passaram a ser assunto na cidade de Nova York, sede do organismo e, de modo geral, no país inteiro. Boatos sobre fortunas adquiridas da noite para o dia circulavam a toda hora; durante algum tempo, as casas de corretagem apresentaram movimentação incomum, com um público permanentemente ávido de conhecer as últimas informações. 

As ações mais disputadas eram as das companhias de aviação e rádio. Muitas delas, acabadas de ser emitidas, uma vez lançadas, eram de imediato subscritas ou vendidas. 

Como salienta um historiador moderno, “qualquer coisa podia ser vendida”. Até mesmo uma empresa que, ao lançar seus títulos, anunciou que jamais distribuiria dividendos teve suas ações adquiridas facilmente. No dia 23 de outubro de 1929 seis milhões de ações foram vendidas, cifra recorde. No dia seguinte, instalou-se o pânico geral. 

A insegurança tomou conta da cidade, dos investidores, do país. Em um dia desapareceram  os ganhos de um mês. O acionista, sem poder conhecer cotações – o próprio telex informava com horas de atraso -, autorizava  a venda de seus títulos sem qualquer critério, na expectativa, apenas, de não perder. 

Uma tentativa feita pelo banqueiro do grupo Morgan, comprando 240 milhões de dólares em ações tranquilizou o mercado. Apenas temporariamente. Seis dias depois, nove milhões de ações foram vendidas e, no dia seguinte, 16 milhões, cifra imaginável para época. Somente em 1932 a Bolsa  recuperou-se definitivamente, após ter baixado em 80% com relação a 1929.



AZEVEDO, Antonio Carlos do Amaral. DICIONÁRIO DE NOMES, TERMOS E CONCEITOS HISTÓRICOS. 3a ed, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999. pp 129-130.


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