quinta-feira, 2 de abril de 2020

Nazismo - Conceito




Nazismo

Abreviação pela qual ficou conhecido mundialmente o Partido Nacional-socialista Operário Alemão (Nationalsozialistische Deutsche Arbeiter Partei), denominação estabelecida em 1920. Historicamente, o nazismo pode ser explicado como uma reação à primeira guerra mundial e também como a concretização de ideias políticas que há muito persistiam na alma alemã bem explorada pelo fundador do partido, Adolf Hitler (1889-1945). Originalmente uma modesta agremiação que congregava figuras inexpressivas – jornalistas, militares, estudantes – a sua maioria compunham-se de comerciantes decadentes e ex-soldados que viam nessa organização apenas o lucro imediato. O surgimento de grupos paramilitares – milícias privadas, surgidas um ano depois da fundação do partido, as famosas SA (Sturmabteilungen) – visava menos a manter a segurança dos integrantes do partido do que praticar violências para fins lucrativos de caráter material. A própria ordem nazista, vendo-se ameaçada, promoveu a substituição, em 1934, pelas SS (Schutzstaffel). No plano ideológico, o nazismo tem sido objeto de muita discussão, mormente no tocante às suas origens e ao seu embasamento, sendo que alguns autores os encontram no Sacro Império Romano de Nação Germânica, enquanto outros os ressaltam como obra de um líder carismático, único responsável pelo seu triunfo. De qualquer maneira, politicamente, o nazismo tornou-se uma realidade definitiva a partir de 1932, quando, nas eleições, os nazistas conquistaram 230 cadeiras no Parlamento. No ano seguinte, apoiado por grandes industriais, Hitler foi nomeado primeiro-ministro. Desde logo se programou violenta crítica ao Tratado de Versalhes ao mesmo tempo em que se difundia a teoria do “espaço vital” (Lebensraum), indispensável ao povo alemão que teria de libertar-se do confinamento imposto pelo acordo decorrente da guerra. A isso, aduza-se a tradicional vocação militarista alemã, consubstanciada numa política expansionista, imperialista, fundamentada na suposta superioridade biológica e racial “ariana” e voltada contra seus principais inimigos, considerados inferiores, judeus e comunistas. Essa teoria justificaria a guerra e a conquista de territórios, bem como a opressão de populações inteiras. Na estruturação e na consolidação do nacional-socialismo, a propaganda desempenhou sempre papel de capital importância. A toda hora motivos poderiam ser invocados para a reunião de grandes massas populares. No calendário nazista, aliás, as comemorações abrangem o ano inteiro e, com frequência, incidentes que envolvessem figuras representativas do poder eram transformados em verdadeiras celebrações, como ocorreu quando um líder da SA de Berlim foi assassinado. As autoridades alemãs encontraram logo motivo para a composição de um hino em sua homenagem que, de imediato, passou a ser dos mais cantados nas celebrações nazistas. A grandiosidade, a ordem rigorosa nas cerimônias, as cores e os espaços reservados às festividades do partido constituíam, sempre, fatores de enorme relevância psicológica. Todos os autores que estudaram o nazismo ressaltam o significado desses espetáculos para a coesão do povo alemão em torno da “nova ordem”. O próprio símbolo do regime, a suástica, era por muitos, interpretada, alegoricamente, como uma mensagem de energia e de luz. As cerimônias fúnebres, por sua vez, “alcançavam resultados deslumbrantes”, acentua um moderno historiador alemão. Hinos e canções heroicas, estandartes, archotes e coroas imprimiam aos cenários, condições capazes de galvanizar o enorme público que a elas comparecia. Estudos recentes têm chamado atenção para o significado da arte no desempenho e na manutenção do nazismo, nos quais a arquitetura e o cinema estiveram sempre em evidências. O cinema em particular, representou objeto constante de aproximação com o povo, mediante filmes não só de exaltação dos triunfos militares alemães, mas, sobretudo, de propaganda anti-judaíca, produzida numa tentativa de explicara chamada “solução final”, ou seja, o extermínio do povo judeu. Toda essa estrutura polarizava-se na figura do führer (“chefe”, “líder”), personificado em Adolf Hitler, cultuado em termos de autêntica idolatria. Suas ideias mestras indicadas em Mein Kampf (“Minha Luta”), livro que escreveu na prisão em 1923, vieram a ser o motor por excelência do nazismo. Um dos meios para assegurar obediência foi o terror, que teve na SS (Schutzstaffel, “Tropas de Proteção”) o seu agente mais atuante, gigantesca organização com mais de 300 mil membros que controlava o aparelho político do país. Ao mesmo tempo, uma legislação anti-semita foi promulgada, proibindo o acesso dos judeus às mais variadas atividades profissionais ou sociais. A juventude foi também, gradualmente, nazificada, não só intelectualmente como através da formação de organizações juvenis. A configuração do nazismo inclui ainda a prática de um regime ditatorial exacerbado, o cerceamento das liberdades, a centralização absoluta do Estado e a guerra como arma ideológica. A queda do nacional-socialismo ocorreu com a derrota alemã em 1945. O nazismo foi oficialmente abolido em 4 de junho daquele ano e os seus principais dirigentes, que sobreviveram à guerra, foram levados a julgamento em tribunal na cidade de Nuremberg.

AZEVEDO, Antonio Carlos do Amaral. DICIONÁRIO DE NOMES, TERMOS E CONCEITOS HISTÓRICOS. 3a ed, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999. pp 321-322.



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