Nome pelo qual ficou conhecido o regime político implantado
na Itália no período de 1922 à 1945, baseado na ditadura de um único partido,
sob a liderança de Benito Mussolini (1883-1945). Originário das dificuldades
surgidas após a Primeira Guerra Mundial – depauperamento da classe média, má
distribuição de terras, inflação, desordens sociais – o fascismo nasceu oficialmente em 1919 quando Mussolini inaugurou o Fascio
de Combatimento, em Milão, movimento com um programa nacionalista, de ataques
à classe liberal e de feição anticlericalista. Seus anseios refletiam as
posições da pequena burguesia e dos ex-combatentes. Oportunistas e violentos,
seus integrantes formaram esquadrões que não demoraram atacar sindicatos, ligas
e cooperativas.
Esses esquadrões – os Fasci (em italiano, “feixes”,
palavra de que derivou o fascismo) – em breve tornaram-se símbolo do movimento,
usando camisas pretas – camicie nere – e financiados por
industriais e latifundiários. Em 1922, os fascistas marcharam sobre Roma e
tomaram o poder. Dois anos depois, o Parlamento era dissolvido. O fascismo, regime totalitário,
baseava-se no culto do chefe do partido e do Estado e na obediência ao Líder.
“Acreditar, obedecer, combater”, tal era o lema fascista. O
Partido Nacional Fascista (PNF), hierarquicamente organizado, apresentava-se
como inimigo do comunismo, do socialismo, da democracia. O individualismo é
categoricamente rejeitado para que a pessoa viva em função do Estado. O fascismo, rapidamente, ganhou apoio de
diferentes segmentos sociais. Empresários, alarmados com a crise e com a
violência e animados com a aceitação de Mussolini no exterior, principalmente
na Inglaterra, passaram a encarar o regime com otimismo.
A política econômica do fascismo
visava o corporativismo, logo instituído com a criação do Ministério das
Corporações, sistema que procurava harmonizar o relacionamento entre patrões e
empregados e também colocar sob o controle do Estado toda a economia nacional.
Os princípios da doutrina corporativista foram enunciados num documento, a
Carta de Lavoro (1927), imitada por muitos países, entre os quais o Brasil
durante o Estado Novo.
As corporações, criadas em 1934, redundaram em completo
fracasso não só pela desconfiança e má vontade dos empresários como também pela
oposição dentro do próprio partido. A corporação acabou sendo mais um
instrumento de subordinação da mão-de-obra ao Estado.
O regime fascista pôde, entretanto, obter o apoio da Igreja
ao resolver a chamada questão romana, conflitante desde 1870 e então
solucionada com os Tratados de Latrão assinados em 1929 por Mussolini e o papa
Pio XI. Nessa ocasião, o catolicismo foi proclamado religião oficial e a Igreja
alcançava sua soberania no estado do Vaticano.
O regime fascista tinha como um de seus mais importantes
objetivos a doutrinação da infância e da juventude, mormente a faixa etária compreendida
entre 6 e 18 anos. Organizações juvenis foram constituídas: “filhas da loba”, “balilas”,
“jovens italianas”, todas fazendo parte da Ópera Nazionale Balila, mais tarde
substituída pela Gioventù Italiana del Littorio. Essas organizações
desempenharam diversas funções, não só de tipo militar como esportivas,
assistenciais e, principalmente, a de agentes ideológicos para adesão ao fascismo.
Outro aspecto importante do fascismo foi o controle dos meios
de comunicação, usados como instrumentos para divulgação dos valores fascistas.
Em 1935, criou-se o Ministério de Propaganda, logo transformado em Ministério
da Cultura Popular. Nesse contexto, o rádio constituiu-se num fator essencial,
pela sua penetração junto às camadas populares, na sua maioria, composta de
analfabetos e iletrados. O melhor instrumento de propaganda fascista foi a
recreação do trabalhador através de um órgão para isso especialmente criado, a
Ópera Nazionale Dopolavoro, que proporcionava inúmeras vantagens, tais como a
redução no preço das passagens, passeios, turismo, competições esportivas.
Na política externa, o fascismo procurou expandir-se,
conquistando a Etiópia e a Líbia. Associando-se a Hitler, na segunda guerra
mundial, o Duce – título que identificava Mussolini – alcançou triunfo inicial
com a invasão da Etiópia (África), logo depois recuperada pelos ingleses que
ocuparam sua capital Adis Abeba, e restabeleceram o poder do imperador
africano. Os sucessivos fracassos do Eixo foram gradativamente aumentando sua
impopularidade do regime. Em 24 de julho de 1943, Mussolini foi preso por ordem
do rei sob grande entusiasmo popular. Não obstante, houve uma tentativa de
conquista do poder quando, após sua libertação pelos alemães, O Duce fundou a
denominada República de Saló para continuar a guerra. De nada adiantou. As
contínuas derrotas nazistas e a ação das forças antifascistas, apoiadas pelos
Aliados e formadas por populações rurais e operárias apressaram a eliminação do
regime fascista. Benito Mussolini, preso em 27 de abril de 1945, quando
procurava fugir para a Suiça, foi fuzilado.
AZEVEDO, Antonio Carlos do Amaral. DICIONÁRIO DE NOMES, TERMOS E CONCEITOS
HISTÓRICOS. 3a ed, Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1999. pp
194-195.